O primeiro-ministro tem referido várias vezes que maioria absoluta não é poder absoluto.
Esta frase parece cair bem, uma vez que, tem implícito humildade e espírito democrático.
O problema é que entre as palavras e a prática vai uma diferença grande, e no caso concreto que aqui pretendo explorar, foi notória e evidente a arrogância e ficou bem ilustrado a visão prepotente por parte do Governo.
Refiro-me à recente entrega pelo Ministério da Administração Interna (MAI), das alterações remuneratórias na PSP, numa total ausência de negociação com os sindicatos, relativamente às tabelas remuneratórias, onde o MAI ignorou a componente negocial e apenas informou os mesmos sindicatos da aplicação de valores discutidos em sede de concentração social, onde os sindicatos da PSP não têm lugar.
Para além dos valores impostos ficarem aquém do necessário, para além do atropelo à lei sindical, para além da secundarização pelo pedido de abertura de processo negocial enviado pela 𝐀𝐒𝐏𝐏/𝐏𝐒𝐏, para além do desrespeito e arrogância por parte de um governo que se diz não ter o poder absoluto, ainda contamos com a ironia jocosa do MAI, informando que alguns sindicatos ficaram agradados com os aumentos…
Deplorável a secundarização e o desrespeito pela negociação, por parte do MAI, mas também daqueles que preferem falar de questões à margem do agendado, desvalorizando a matéria a discutir, estranho (ou não) que alguns, face a este quadro, digam que isto é melhor que nada e que o MAI poderia ter ido mais além.
Crónicas assinadas pelo presidente da 𝐀𝐒𝐏𝐏/𝐏𝐒𝐏, Paulo Santos, no jornal “Correio da Manhã”. 26.10.2022.