Este artigo embora seja publicado no dia 1 de abril, conhecido como o Dia da Mentira ou Dia das Petas em alguns países, incluindo o nosso. É um dia em que as pessoas costumam pregar partidas aos amigos, familiares ou colegas de trabalho, contando mentiras ou fazendo brincadeiras engraçadas.
Meu caro amigo leitor, no Dia da Mentira, vou escrever uma boa verdade que simultaneamente acaba por ser uma das mais importantes e antiga reivindicação da ASPP/PSP, no Comando Regional da Madeira (CRM).
Fazendo jus à sua essência, o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) e o CRM, oficializaram e apresentaram um protocolo para prestação de apoio psicológico aos profissionais da PSP. Nem de prepósito, recordo que em 2023, no continente, em apenas três meses, cinco polícias puseram termo a vida, alguns dos quais usaram a própria arma de serviço.
A adesão à solenidade de assinatura do protocolo, realizado no passado dia 27 de fevereiro de 2023, mereceu, tendo lotado o salão nobre do comando regional, a presença de todas as classes profissionais da PSP e com representantes dos mais diversos setores de atividade e representantes de instituições públicas e privadas, oriundos de diversos pontos da ilha, é um exemplo claro desta necessidade.
Este novo modelo de gestão e linhas de orientação do SESARAM pretende ser uma medida eficaz e vai permitir a criação de respostas de Apoio Psicológico aos polícias, possibilitando que o conhecimento e a razão tomem a dianteira do estigma e da ignorância para a promoção de locais de trabalho promotores da saúde mental e do bem-estar dos profissionais da PSP no comando regional.
Tendo em conta o aumento do registo de perturbações do foro mental, cujas repercussões se refletirão a longo-prazo na vida de alguns polícias e das suas famílias, o comandante regional, o Sr. Superintendente – Chefe, Luís Simões, afirmou que esta parceria “vai permitir que os polícias que estão a passar por crises do foro psicológico ou no âmbito da saúde mental e que pedem apoio possam ter esse apoio mais célere” e visa também prevenir “todas as situações que possam potenciar ideações ou atos suicidas”.
Esta necessidade, surgiu da constatação que faltava esse acompanhamento mais especializado “in situ” aos polícias e daí a decisão em criar este protocolo e esta abordagem nas estruturas da rede do SESARAM, e da própria polícia, que embora tenha um Gabinete de Psicologia, sedeado em Lisboa, vai permitir outro atendimento ou acolhimento imediato ao elemento policial que necessite de ajuda psicológica ou psiquiátrica, se for o caso.
Este protocolo tem uma segunda vertente que passa por robustecer e complementar o circuito interno na própria PSP, a nível de conhecimento, desenvolvimento científico, mas também profissional, além de visar criar uma linha que estará em articulação com a Linha de Apoio do Gabinete de Psicologia da Direção Nacional da PSP, para o encaminhamento de situações entre cada uma delas, consoante a tipologia ou de solicitações que possam surgir.
Pretende-se assim, que o protocolo seja sentido na prática por todos os profissionais que necessitam de ajuda para lidar com sentimentos como medo, angústia, irritabilidade, ansiedade, sensação de impotência e desamparo podem provocar grande sofrimento psíquico, desencadeado pela própria profissão em prevenir o desenvolvimento de transtornos mentais. Aqui, é importante que o elemento policial saiba também das formas de ajuda prevista no protocolo e dos seus procedimentos para que este possa ser praticável no seio policial.
Como dirigente sindical, não podia deixar de dirigir um profundo agradecimento ao SESARAM, à hierarquia da PSP e ao Gabinete de Psicologia da DN/PSP e reconhecer tudo o que têm feito nesta área da Saúde Mental dos polícias no CRM. Agradecimento esse a que todo o associado da ASPP se associa, acreditando que também toda a comunidade e particularmente os familiares dos polícias reconhece e valoriza este trabalho.
Por isso, é fundamental reforçar SEMPRE os cuidados com a saúde mental, para evitar comportamentos de risco, em que mais polícias morrem por suicídio do que em serviço.