A maioria dos profissionais da PSP, à semelhança do trabalhador comum, possuem ou almejam possuir habitação, numa perspetiva de modo tradicional de vida, constituição de família ou outra razão. Seria importante perceber que os aumentos dos juros nas prestações do crédito à habitação afetam de forma grave também estes profissionais.
Se a esta circunstância associarmos a estagnação salarial dos últimos anos, a manutenção generalizada dos suplementos remuneratórios, conjugados com o aumento dos preços de muitos bens e serviços, perceberemos que os profissionais de polícia perderam poder de compra.
Seria expectável da parte dos que exercem a ação governativa, respostas que devolvessem o poder de compra, estabilidade e equidade na gestão da “coisa” pública e não, respostas assistencialistas ou de “alojamento”.
Para que os profissionais possam exercer a sua missão, centrados no essencial e não constantemente preocupados com a responsabilidade em como responder aos seus compromissos e como dar condições de vida à sua família, seria importante a promoção de políticas de valorização salarial, de regulação da especulação e não de uma doentia visão assistencialista ou de apoios.
As medidas sociais e de alojamento terão necessariamente de ser encaradas como complementares, impondo-se, portanto, uma mudança para a verdadeira valorização salarial e em simultâneo o combate ao modelo especulativo que asfixia os trabalhadores, onde se incluem os profissionais da segurança interna, os quais necessitam de habitação familiar e não de um “quartinho”.
Crónicas assinadas pelo presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, no jornal “Correio da Manhã”. 16.08.2023