«Com esta habilidade aritmética por parte do MAI – anunciando a abertura de (apenas) 500 vagas para o Curso de Formação de Agentes –, já não se pode dizer que a atratividade da profissão de polícia está em risco, atendendo às vagas que ficam por preencher (…) o que levará os responsáveis do costume a afirmar que está tudo bem (…) nas Forças de Segurança»
«Para se elevar o nível de segurança, no discurso, obrigatoriamente, temos de recorrer à lógica. Vejamos então.
No propósito do anúncio da abertura de 500 vagas (Despacho n.º 105555/2023) para o Curso de Formação de Agentes (CFA), torna-se curioso encontrar a justificação onde se encaixe o número “500”.
Desde logo, a curiosidade surge quando olhamos para o timing da abertura do concurso, porventura com a intervenção divina, o número surge exatamente depois de conhecidos os números de candidatos, que concorreram a uma bolsa para ingresso e que ficaram aprovados – (que reúnem as condições) – para integrarem o CFA.
Com esta habilidade aritmética por parte do Ministério da Administração Interna (MAI), já não se pode dizer que a atratividade da profissão de polícia está em risco, atendendo às vagas que ficam por preencher, aliás haverá concorrentes que ficarão de fora o que levará os responsáveis do costume a afirmar que está tudo bem com o processo de recrutamento para ingresso nas Forças de Segurança, no limite poderão face à “bondade política”, aumentar uns quantos mais.
Bem sabemos que 1000 vagas seriam poucas face à necessidade premente de elementos da PSP, contudo, seria um número razoável face à capacidade logística, o mesmo que dizer: possível, em formar novos agentes. Sendo que 500 vagas são manifestamente menos que as necessárias, e possíveis, que, por sua vez, são exageradamente parcas face às reais necessidades…em bruto, poder-se-ia aventar um número bastante mais elevado, rondando o triplo…
Já agora, porque importa iluminar a mente de algumas pessoas que, do ponto de vista matemático, apresentam algumas dificuldades na interpretação da retórica governativa, importará referir que a propósito da notícia em que se dá conta da existência de 789 novos elementos na PSP (568 agentes e 221 chefes), importa [de sobremaneira] ser esclarecido que 221 novos chefes significam MENOS 221 agentes (atendendo que os chefes são recrutados de entre os agentes, o mesmo que dizer que: o saldo final do CFA, concluído, se traduz em mais (apenas) 347 agentes. E, atendendo às últimas decisões de reforçar as Polícias Municipais de Lisboa e Porto com os 50 novos agentes, na realidade, significa que a PSP, com o término do 21.º CFA, viu a sua carreira de agentes ser reforçada com APENAS 297 (duzentos e noventa e sete) agentes, um número exageradamente reduzido, lamentável, e extremamente preocupante face aos elementos que reúnem as condições para passar à situação da pré-aposentação e face à desastrosa e incompreensível (quanto à forma) extinção do SEF.
Na realidade, quanto ao estado a que chegou a PSP, só nos resta fingirmos que está tudo bem… vejamos: até ficam concorrentes aprovados (nas provas de admissão) fora do CFA.
Impressionante!»
Artigo de opinião de Paulo Santos, presidente da 𝐀𝐬𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚çã𝐨 𝐒𝐢𝐧𝐝𝐢𝐜𝐚𝐥 𝐝𝐨𝐬 𝐏𝐫𝐨𝐟𝐢𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐢𝐬 𝐝𝐚 𝐏𝐨𝐥í𝐜𝐢𝐚 (𝐀𝐒𝐏𝐏/𝐏𝐒𝐏)
Visão. 19.10. 2023