Dia do Polícia de Segurança Pública VALORIZAR O PRESENTE, GARANTIR O FUTURO: A URGÊNCIA DE REFORÇAR A PSP

Dia do Polícia de Segurança Pública VALORIZAR O PRESENTE, GARANTIR O FUTURO: A URGÊNCIA DE REFORÇAR A PSP

𝑹𝒆𝒗𝒊𝒔𝒕𝒂 𝑩𝒖𝒔𝒊𝒏𝒆𝒔𝒔 𝑷𝒐𝒓𝒕𝒖𝒈𝒂𝒍

     No ano em que se assinalam 157 anos da Policia de Segurança Pública, Paulo Santos, Presidente da ASPP/PSP, sublinha a
importância do Dia do Policia como momento de homenagem e valorização das profissionais que integram e integraram
a instituição. Em entrevista exclusiva, alerta para os desafios estruturais que ameaçam a sustentabilidade da PSP, denuncia a falta de investimento politico e aponta reformas urgentes para garantir uma carreira mais justa e atrativa, apelando a reforçar
da união sindical e à confiança da população na missão policial.

Que significado tem, para a ASPP/PSP, a celebração do Dia do Polícia da Segurança Pública, e de que forma este momento contribui para reforçar a valorização da classe?

▪𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 - Esta celebração tem como "racional" celebrar a existência, a vida e a longevidade dos profissionais e da instituição. É uma homenagem aos homens e mulheres que fizeram e fazem parte do efetivo desde há 157 anos até hoje. Nunca esquecendo os que faleceram no exercício das suas funções. 
▫O capital humano é, por si só, a humanização da instituição. Como tal, sempre que colocamos a tónica na PSP elevando-a, dignificamos e valorizamos a classe.

Quais são as principais reivindicações atuais da ASPP/PSP junto do Governo e que impacto esperam que a data simbólica do 2 de julho possa ter na sensibilização da tutela?

▪𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 - São reivindicações do conhecimento não só do governo, como dos demais partidos, da DN/PSP, e de forma generalizada, dos portugueses. 
▫A escassez de efetivo e recrutamento, envelhecimento e desmotivação dos profissionais são características que as sustentam, e que passam por uma maior valorização salarial, reestruturação dos suplementos remuneratórios, melhoria das condições de trabalho e de direitos como o sistema de apoio na doença, respeito pela pré-aposentação, consagração de um diploma de higiene, saúde e desgaste rápido, melhores apoios sociais, a mobilidade interna dos profissionais e a reestruturação do dispositivo. 
▫Os aniversários da instituição PSP são oportunidades para que os responsáveis dirigentes da PSP e sindicais possam "vangloriar-se" do trabalho desenvolvido, mas também apelar a mais recursos para mais e melhor se fazer. 

Como vê a evolução do estatuto profissional da PSP e que reformas considera urgentes para garantir uma carreira mais justa e atrativa?

▪𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 - Em termos de estatuto a PSP evoluiu muito, principalmente do ponto de vista social. Nas últimas décadas é uma das instituições mais reconhecidas e respeitadas. A imagem e o desempenho é muito diferente, fruto de uma maior especialização em algumas áreas e no profissionalismo e excelência dos seus agentes, chefes e oficiais. Exemplo a recente transferência de competências do extinto SEF para a PSP e os excelentes resultados, com menos formação, condições e valorização. 
▫Em termos sócioprofissionais o estatuto profissional, apesar de avanços legislativos desde 2015, padece de cumprimento. São constantes os "atropelos", "beliscando" a condição policial, causando revolta nos profissionais. De salientar que apesar desses avanços, a cultura interna e as necessidades e exigências do serviço prejudicam esse estatuto. O trabalho para além do horário normal, o trabalho em regime remunerado, a dependência de entidades privadas, as dinâmicas que culminam em agressões a polícias, ou mesmo decisões que desconsideraram a autoridade do Estado, são prova disso.

Olhando para os próximos anos, que visão tem a ASPP/PSP para o futuro da Polícia de Segurança Pública? Que mensagem gostaria de deixar aos profissionais da PSP e à população portuguesa?

▪𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 - É uma visão para o futuro que assenta da leitura que temos do presente, sempre com as memórias do passado em mente. Nesse sentido e sem alarmismos ou catastrofismos. Apreensivos, mas com a responsabilidade e seriedade que nos reconhecem em mais de quatro décadas de intervenção. São imensos os desafios que a PSP tem pela frente e já vai atrasada, pois qualquer alteração estrutural agora concretizada terá reflexos apenas a 5, 7 anos. A pergunta que se coloca é: aguentará até lá? 
▫Acredito que os responsáveis políticos compreendam o que está em causa: as debilidades do modelo, as deficiências estruturais, os longos anos de desinvestimento e desvalorização dos profissionais, com congelamentos, cortes, fraca aposta na formação real, na captação de jovens, numa especialização mais capaz, numa perspetiva de valorização sem condicionamentos por referenciais ou bitolas rigidas e/ou determinadas por legislação. Em bom rigor, tem-se gerido a instituição ao dia, sem perspetiva de futuro. É isto que se percepciona e esta é uma responsabilidade política. Também os dirigentes deverão ter mais compromisso com a instituição, maior assertividade e resiliência junto dos responsáveis governativos. E algo que terá  de acabar: o branqueamento da realidade e o "empurrar" a resolução para a frente. 
▫Aos profissionais apenas deixo duas notas: que conheçam a história do sindicalismo policial e do papel da ASPP/PSP na vida da PSP e na segurança interna. Que se envolvam no projeto coletivo, na luta pela melhoria das condições sócioprofissionais dos polícias, por uma segurança pública de qualidade, assente nos princípios de tolerância, responsabilidade, seriedade, compromisso, trabalho e dedicação. E para que sejam críticos da proliferação de sindicatos e na tentativa de descredibilizar ou aniquilar o maior sindicato das forças de segurança, a ASPP/PSP, que põe em prática um sindicalismo sério e responsável. E só há uma forma de o fazer, reforçando-a, dando-lhe mais força e coesão, para melhor podermos defender os nossos direitos. 
▫À população que acredite no trabalho desenvolvido pelos profissionais da PSP, que conceba a complexidade e dificuldade de defender a paz e tranquilidade públicas e compreenda a nobreza e a elevação desta missão.

𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 
𝑩𝒖𝒔𝒊𝒏𝒆𝒔𝒔 30.05.2025

Back to blog